12/11/2009

Oompa Loompas, cade meu bilhete dourado???

Fui uma criança muito criativa e com imaginação pra lá de fértil. Confesso que não mudei muito ao longo dos anos, mas isso é uma outra história.
Um dos filmes que marcou minha infância foi sem dúvida A Fantástica Fábrica de Chocolates, e por mais que não pareça, sou do tempo em que Willy Wonka era Gene Wilder, o mesmo que anos mais tarde se seduziu pela Dama de Vermelho.

Eu era fascinada por esse filme. Vi e revi várias vezes pela televisão. Sim, por que naquela época não existiam video cassetes, e as reprises eram feitas exaustivamente pela Sessão da Tarde na Rede Globo de TV. E eu, logicamente vi todas.

Duvido que alguém da minha geração nunca tenha desejado comer um chocolate Wonka e encontrar nele um bilhete dourado, tão pouco acredito numa só criança que não sonhou com aquela fábrica de sonhos adocicados.
Eu por exemplo, sonhei várias que estava nadando na piscina de chocolate.

Os anos passam, os sonhos mudam, as memórias afetivas vão para o fichário da vida e um belo dia, quando menos esperamos, elas reaparecem num passe de mágica diante dos olhos e com a emoção e expectativa redobradas pelo reencontro.

Foi o que senti neste fim de semana numa loja cheia de coisinhas legais que fui num bairro vizinho ao meu.
Eu não tinha visto, pois estava num frenesi danado com tantas coisas fowfas piscando pra mim quando o lado zen, sempre atento e conhecedor de meus gostos mais secretos, me chama para mostrar uma caixinha de papelão com algumas barras do maravilhoso e eternamente desejado chocolate Wonka.

Meus olhos brilhavam como os de uma criança diante seu brinquedo favorito, tive um pire-paque e sem perceber sacudia as mãos e falava sem parar
" Wonka!!! Eu quero! Eu quero! Deixa! Posso! Por Favor! "
como se tivesse 7 anos de idade e falasse com meu pai para me dar algo que naquele momento, era objeto de primeira necessidade para mim.

Óbvio que fui motivo de risada da family ( meus filhos até já acostumaram com a mãe que tem e disseram: "Papai, compra senão a mamãe vai ter um ataque..." Juro, fingi que não era comigo...)
Mas pensa bem, quantos da minha geração não queriam estar lá no meu lugar realizando esse sonho?
Isso foi no domingo, e apesar dos pedidos insistentes das crianças, ainda não tive coragem de abrir e não sei bem o por quê; pois mesmo sabendo aonde tem e que não é o único, fico com medo de perder meu sonho e não encontrá-lo mais.

Sei que é meio louco isso e que sou uma idiota ao revelar, mas é verdade, fazer o quê.
Mas já sei que o bilhete premiado não está dentro dele, pois na frente da embalagem tem um círculo dourado falando da promoção para ganhar o bilhete.

É fato que muitas pessoas estabelecem uma relação afetiva com um determinado produto, como aconteceu comigo e meu chocolate, mas isso não justifica minha neura em não consumi-lo.

Prometi à eles que abriria depois de tirar uma foto e depois de 4 dias enrolando, não tenho mais como fugir desses predadores infantis que não entendem meu drama e não se compadecem de meu sofrimento.
Acho que de hoje não passa.
O que me conforta é saber que tem mais e que posso adquiri-las.

E mesmo sabendo que o bilhete dourado não estará lá, a expectativa ao abrir uma barra, a sensação gostosa causada pela ansiedade carregada de lembranças infantis sempre estarão presentes, pelo menos enquanto o chocolate derreter em minha boca.


Miss Yang nesse momento lembra desse poema:
"Oh! que saudades que tenho . Da aurora da minha vida, Da minha infância querida. Que os anos não trazem mais!" e se sente abdusida por Casimiro de Abreu.

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