18/09/2008

Chocolate Cor de Rosa

Essa semana fiquei comovida com o lado zen. Na verdade mais passada do que comovida.
Estávamos conversando sobre transgressões de adolescência, e eu lembrava com orgulho da minha fase dark-punk-roupa-preta-cabelo-azul-roxo-e-cor-de-rosa (verdade, tive cabelo de todas essas cores) até que resolvi perguntar ao lado zen qual a maior transgressão que ele tinha feito na juventude.
Ele pensou, pensou... titubeou (talvez por vergonha, talvez por receio da minha arriação) mas resolveu me contar como foi a sua fase "rebelde sem causa".
Eu (cheia de orgulho depois de relembrar meu currículo rebelde):
- E tu, qual foi a cousa mais rebelde que tu fez pra provocar tua mãe?

Ele (cheio de pontos de reticências na expressão):
- Ham... Que eu lembre... a coisa que mais deixou minha mãe enlouquecida foi quando... cof cof... comprei uma camiseta...rosa choque...

Eu (não acreditando e horrorizada com o que acabava de ouvir):
- o que???????? como assim uma camiseta rosa???? tem certeza????? só 'isso'??? quaquaquaquaquaquaquaqua!

Ele (com cara de pastel e já arrependido da confissão feita e do mico pago):
- Ué, tu esqueceu que minha mãe é japa?
...

É mesmo... só quem vive dentro do mundo japa sabe o quão nonsense eles são para algumas (a maioria) das coisas. Quem tá de fora não imagina como é a relação familiar entre mãe-filho japonês da gema.
Eles cultuam e não deixam morrer sua cultura em qualquer lugar do mundo, mas também têm arraigado alguns costumes herdados dos pais ou lembrados de suas infâncias no Japão (na década de 50 e pontinhos).

Até hoje aqui no Japão, a relação entre pais e filhos é um ponto delicado. Quase não se conversa, as crianças aprendem a se virar e ser independentes muito cedo e na adolescência, é raro ver pais e filhos passearem juntos.

Tá certo que hoje em dia, um homem usando camiseta rosa choque no Nihon é mais que natural (perto das bizarrices que se vê na rua é até básico). Mas na década de 80, no Brasil, com uma mãe japa legítima criada no Japão até os 15 anos, e que na cabeça dela, tatuagem ainda é coisa de yakuza e camisa rosa coisa de mulherzinha, realmente foi uma baita transgressão. Será que é por isso que ele abomina camisetas cor de rosa?

O fato é que fiquei compadecida e de certa forma, até emocionada, pelo conceito lírico e simplista de transgressão para o lado zen.

Sério mesmo. Não tô fazendo piada (...)

E pra provar isso, esse mês vou deixar ele de boa na minha fase TPMonstrícia. Não aproveitarei meu lado Dr Jackyll para me vingar sem remorsos das irritações que ele me faz passar ao longo do mês. (Pelo menos nesse mês...he he he)

Me contentarei com kilos de barras de chocolate. Que é gostoso, alimenta e dá espinhas.

ps: Casualmente hoje, ele trouxe 2 barras grandes pra mim... será uma premunição?

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