09/05/2008

Acompanho todos os dias as notícias pelo mundo através da rede e confesso que estou meio catatônica com duas coisas horríveis que aconteceram. Casualmente, ambas têm certa coesão, que explicarei a seguir.

Caso 1 – A Madastra Má e o Pai Inescrupuloso
Tenho acompanhado diariamente como se a mesma fosse um folhetim o caso dos Nardoni. Lembro do dia em que o casal foi preso pela primeira vez e que uma câmera registrou o olhar de Ana Carolina. Gelei ao fitá-lo.
Meu instinto acendeu o alerta vermelho de que algo se escondia sob àqueles olhos escuros e meio cerrados, como se naquele instante, o caso já estivesse encerrado para mim, ao menos inconscientemente.
Acredito que isso se atribui ao instinto materno, que é latente em todas as mulheres que têm filhos e que por uma dádiva inexplicável se aflora no momento em que damos à luz, consagrando-nos muitas vezes ao status de “bruxas adivinhatórias”, pois dificilmente erramos algum prognóstico referente à prole. Cito com exemplo disso minha mãe, que mesmo no alto dos meus 36 anos e morando do outro lado do mundo, num simples"alô" ela já sabe se estou bem ou não.
O fato é que esta mulher, Ana Carolina também é mãe, e de duas crianças pequenas, diga-se de passagem, e é isso que me deixou mais horrorizada com essa história toda.
Como alguém que tem o presente divino de ser mãe pode independente da circunstância, violar o sagrado direito a vida de uma criança? Se fosse o caso de uma mãe que tira a vida de um adulto para defender a integridade de uma criança, confesso aqui sem hipocrisia alguma, que eu não a condenaria. Particularmente eu daria salvo conduto a qualquer mãe no mundo sob essas condições.
Mas infelizmente não é o caso. E o pior ainda está por vir. E esse pior se revela justamente na figura que deveria proteger Isabella, seu próprio pai. E é ai que a história toma a forma mais cruel e desumana. Como que o progenitor, a pessoa que tem a obrigação de defender seus descendentes de tudo e de todos, pode ser capaz de acobertar a tirania de uma madrasta ciumenta tomada pela ira e compactuar, além de executar, de uma forma tão vil e inescrupulosa sua própria filha? Se fosse uma criança qualquer já seria horrendo, o que se diz então de quando o mal é praticado contra alguém que descende do próprio agressor?
Ta certo que os pais não sentem os filhos como as mães, pelo simples fato de não sofrerem a simbiose da gestação, que nos qualifica como mencionado acima, eternas videntes em relação aos filhos. Mas são pais, contribuíram com a semente da vida, com metade do DNA da prole que se dispõe a formar e na sua grande maioria o fazem com dignidade e responsabilidade. Mas quando tomamos conhecimento dos atos de uma minoria bestialmente desajustada, o sentimento de revolta toma uma proporção descomunal em relação a outras injustiças.


Caso 2 – O Besta-Fera tem nome: Josef Frietzl
Como já explanei no caso dos Nardoni e terei que ser redundante, pois não tem como ser diferente; é inconcebível e inimaginável que um pai, o progenitor que tem a obrigação de cuidar, proteger e fornecer um ambiente sustentável para o desenvolvimento e crescimento cognitivo e intelectual de uma criança até a sua maioridade, possa ser capaz de cometer atos não só inaceitáveis como bestiais, conforme se tomou conhecimento há algumas semanas pela mídia, como os praticados por Josef Frietzl.
Neste caso, não teve o desvario sem propósito de uma madrasta para justificar o delito. Aqui, o horror, o asco, a animalidade primitiva, a bestialidade cometida por esse “pai” foi calculada, articulada meticulosamente e executada como os movimentos de uma partida de xadrez.
Um homem que comete estupro tem que pagar pela anormalidade que o ato lhe confere, pois qualquer ser humano racional, coerente e sadio não age desta forma, pois tem consciência de que todos têm o direito de escolha e que nada nem ninguém podem obrigar a realização de qualquer ato contra sua vontade, principalmente os de ordem sexual. Mas ainda quando esses atos envolvem crianças.
O que dizer, como justificar, explicar ou entender quando o estuprador é justamente o que tem o dever de zelar? Quando a vítima além de frágil e indefesa, forçadamente vira amante é também filha? Quando os netos são filhos?
Mudaram a ordem natural e certa da vida e esqueceram de comunicar a sociedade coerente?
Onde foi parar a sanidade desses pais? Qual o mundo paralelo que eles vivem e que fizeram escola? Onde é vendida essa cartilha de como ser um pai às avessas e tornar-se uma besta-fera desalmada e cínica é fabricada para que as autoridades queimem a fábrica??
Enfim, muitas perguntas sem respostas, em ambos os casos. Muitas pessoas foram atingidas com marcas perpétuas em conseqüência de atos injustificáveis praticados em nome de nada, pois nada nesse mundo rotula tamanha inversão natural das coisas.

Um comentário:

  1. Obrigado pela referêcia. Não apenas concordo integralmente, como faço questão de dizer que adorei a forma como você escreve, parabéns.

    Joel Teixeira

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