22/04/2008

Outras Paisagens

"Você pegou o trem e eu na estação vendo o céu fugir
também não dava mais para tentar lhe convencer
a não partir. E agora, tudo bem, você partiu
para ver outras paisagens. E o meu coração embora
finja fazer mil viagens, fica batendo, parado, naquela estação."
Adriana Calcanhoto
...
Tum! A notícia caiu como uma bigorna em minha cabeça e ficou retumbando dentro do meu cérebro no sábado a noite. Idéias e imagens se confundindo e se embaralhando, ao mesmo tempo em que montavam um trailer diante de meus olhos.
Não há palavras, não tem o que falar. E imediatamente junto as imagens me vem essa música como fundo que, de certa forma, representa a situação.
Passados quatro dias ainda estou meio atordoada e pensativa. Mexeu com minha cabeça, com coisas que penso, que quero fazer, com convicções... Mas agora, quem sabe? Só ela... Só me resta torcer para ela deixar eu realizar meus propósitos.
Mas por que ficamos assim diante da morte? Sabemos que ela é mais cedo ou mais tarde, a única certeza que temos no futuro; então por que nos acomete de súbito e nos deixa atordoados?
Talvez porque nunca a esperamos. Principalmente quando ela não manda sinais de que está chegando. Quando ela resolve vitimar pessoas menos prováveis e cheias de vida que certamente estariam no fim da fila ao invés de encabeçá-la.
Quando ela, por tédio talvez, resolve entre muitos fazer uni-duni-tê e apontar alguém improvável para levar consigo, além de quebrar sua rotina nos lembra que nem sempre o padrão cronológico da vida é seguido.
Mas deveria existir uma Ética para "ela" seguir. E nela, em hipótese alguma, os filhos partiriam antes das mães. Nem os pais iriam deixando seus filhos pequenos e órfãos de seu convívio e ensinamentos. A única regra cabível seria a cronológica e em alguns casos, por doença que deixasse uma espécie de "aviso prévio".
Tudo que fosse fulminante, repentino, sem explicação e sem chance de reverter seria impraticável.
...
Espero que as paisagens que verás de agora em diante sejam tão belas e alegres quanto tu fostes enquanto desfrutava das paisagens daqui. Que alegres com teu jeito e presença de espírito todos que conhecerás a partir de agora, e que um dia, quem sabe, voltemos a rir juntas numa dessas estações.
Fique em Paz e olhe por nós.

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