09/04/2008

Entre Espelho e Tabaco II

Me lembro de haver me referido no outro post ao cigarro como meu amante tabagístico.Deixo claro aqui para as mentes mais imaginativas e poluídas que a minha, que a palavra amante nesse caso siginifica inocentemente meu dono mental e companheiro de todas as horas, percebe?
Agora que as coisas estão devidamente esclarecidas, vou dizer por que considerava meu cigarrettes como uma espécie de amante ou melhor dizendo, por que tínhamos uma relação doentia de amor e ódio.
Em primeiro lugar, aonde eu estava, lá estava ele, firme e forte . Eu precisava dele para tudo e ele precisava de mim para viver. De certa forma, além da literal, ele me sufocava, pois não me dava espaço para ficar sozinha numa boa nunca.
Seu cheiro forte tinha sempre que estar misturado ao meu suave perfume.Se eu estava triste, ele me consolava; se eu estava feliz, ele festejava comigo; se eu estava inquieta, ele me acalmava e assim por diante.
Haviam poucos lugares onde ele não me acompanhava escancaradamente. Mas eu não podia cojitar a possibilidade de sua ausência. Eu sempre dava um jeito de me retirar um pouco para tragá-lo e senti-lo me dominando. Ou, dependendo do meu humor e da época do mês, simplesmente não frequentava tais locais. Precisava dele como de ar pra viver. Relação amorosa doentia e dependente. Credo.
Ele sempre foi muito possessivo, a ponto de me fazer sair de madrugada de casa quando eu percebia sua falta, não me deixava abandoná-lo nem em pensamentos, me deixando paranóica só de pensar na possibilidade. Ele exercia um domínio tão intenso sobre meu corpo e mente, que hoje não consigo entender como isso era possível. Eu era capaz de brigar por causa dele, de fazer escolhas absurdas para não renunciá-lo. E muitas vezes o fiz, sem arrepender-me.
Mas relações doentias têm como pano de fundo o tempo pré determinado e o disparador do cronômetro é acionado no momento em que a relação se inicia . Cedo ou tarde uma das partes envolvidas acorda e resolve dar um fim na obsessão. Minha relação de dependência parece ter acabado.
Como em um final de namoro, estou me acostumando com a sua ausência e sentindo uma dor misturada com alívio por isso. Depressão, irritação, sensação de faltar algo... Isso tudo ainda existe, mas em menor grau do que eu imaginava que seria e isso faz parte, é o preço a pagar pela escolha (não esqueçam que era uma relação de dependência).
A renúncia ao prazer momentâneo, ao vício fedorento me trará resultados a médio e longo prazo. Estou gostando do meu progresso. Mais uma vez estou constatando que sou mais forte do que penso e que quando me determino consigo meus objetivos.
Adeus meu estranho amor, chegaste na minha vida e me ganhaste quando eu não era tão importante pra mim, dessa forma tomaste conta e entraste em todos os cantos escondidos e em todas as partes onde eu não costumava viver. Te tornaste imperador de um reino abandonado, sem muita expectativa de progresso.
Mas reencontrei meu caminho e resolvi voltar para meu reino, tomar conta de mim e varrer toda a remota lembrança de ti por mais difícil que isso seja. Tu fazia parte desse lado podre. Espero que não nos encontremos numa dessas curvas perigosas da vida.
Mas se isso acontecer e tu me ofereceres consolo, que eu saiba te dizer: Não, obrigada! Agora eu ando sozinha.

2 comentários:

  1. ...ADOREI o post!!!...escrever e LIBERTADOR ne?...PARABENS por romper seus limites....descobrir novos mundos....novas possibilidades....prometo passar mais por aqui....bjs.....

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  2. Obrigada Ge! Tua presença é sempre bem vinda!

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