04/03/2008

Crônica do Amor Suspenso

E na despedida, apenas olhares marejados suspensos no ar, na espera de que o tempo se encarregue de cruzar seus destinos novamente, em algum lugar do mundo.
Assim acabou mais um capítulo da história de amor não vivida por Juan e Estela.
Se conheceram ainda na juventude , onde tiveram um rápido namoro nos tempos de colégio que acabou antes mesmo de saberem se poderia dar certo.
Apesar de não conviverem mais como namorados, ainda mantinham um romance secreto que perdurou por alguns anos.
Nessa época, cada encontro era único, intenso e da maneira deles, até romântico.
Parecia que tudo estava levando o casal para um relacionamento sério, quando o destino se encarregou de separá-los, mais uma vez.
Com o coração partido, Estela jurou nunca mais ver Juan. E ele, mais uma vez se arrependeu da forma como conduziu a situação.
Pensou em procurá-la, mas faltou lhe coragem para se entrometer em sua vida, que havia tomado um outro rumo.
Pelo menos foi o que disse à ela, em um ou dois encontros casuais que os dois tiveram, pelas ruas de Valencia, cidade onde moravam.
Mas, o tempo, tão sábio e traiçoeiro, não queria vê-los afastados. Tratou de colocá-los frente a frente novamente, numa estação de trem, numa tarde de verão escaldante em Madrid.
Ela, com o mesmo ar de seus 20 anos e ele, com o mesmo olhar que a desconcertava em outrora.
Resolveram sentar-se em um bar em Puerta del Sol, onde ficaram falando amenidades, ressaltando a surpresa do encontro, falando de suas vidas até então, enquanto suas cabeças eram um turbilhão de pensamentos e emoções, que, apesar do diálogo frívolo, descortinava sob o brilho de seus olhares, deixando nítido o real desejo de ambos.
Estela agora morava em Madrid, onde tinha sua vida estabelecida e ele, continuava em Valencia, trabalhando para uma multinacional, o que lhe proporcionava muitas viagens de negócios.
Foram 20 dias em Madrid. Foram 20 dias que mudariam de forma definitiva o destino de suas vidas.
Entre encontros ardentes, declarações e ajustes do passado; descobriram o amor que nunca haviam permitido aflorar. Descobriram que estavam irremediavelmente presos um ao outro.
E também descobriram o quão presos estão em suas vidas atuais.
Apesar do enorme desejo de ficarem juntos, a realidade falou mais alto, e a responsabilidade do presente se fez soberana.
Ficou em seus corações o desejo do reencontro e a tristeza de mais um adeus. Em seus corpos, o cheiro e a presença constante e em suas mentes, a imagem que nunca se apagou.
Chegou, por fim, a hora do adeus. Estela ficou ali, parada, no meio da estação, sozinha entre milhares de pessoas que passavam, enquanto via seu amor partir.
Naquele momento, a única coisa que eles queriam era não ter que se despedir.
Mas não poderiam. A realidade os chamava através do celular dela que tocava e do bilhete de trem com hora marcada que Juan não poderia perder.
Naquele momento, cada um seguiu seu rumo, na esperança de que um dia, seus destinos voltem a se cruzar.

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