14/03/2008

Sobre Amizade

Esse texto de Paulo Sant'Ana, reflete bem uma característica que todos os meus amigos logo descobrem em mim; a minha involuntária tendência eremita.
Aos poucos e cativos, aos quais devoto uma longa amizade; que transcende até os inúmeros momentos de negligência de minha parte, na falta de notícias ou de conversas mais extensas, faço minha Mea Culpa.
Estou mudando isso, de forma lenta mas significativa, o que tem transcendido minha inerente propenção ao ostracismo.
Meus velhos e leais amigos já acostumaram com meu jeito meio tresloucado e avoado e sabem me ler como ninguém, sem que fosse preciso advertí-los quanto à minha incapacidade nata de bajulação.
Descobriram que, à minha maneira, estou sempre presente à eles, e que podem contar comigo incondicionalmente, a qualquer momento ou situação, que meu amor por eles é muito maior e verdadeiro do que emails em forma de correntes e power points com frases de amizade.
Talvez por isso sejam tão poucos e de longa data.
E também graças à isso, haja alguns conflitos de ajustes com os novos que vão surgindo pelo caminho. Entendam, queridos novos amigos: o fato de nem sempre estar presente, não significa que não nutra carinho, respeito e até vontade de conversar; dá-se apenas por uma falha de personalidade de minha parte, que não me permite; ainda que de forma mais amena hoje, ser muito simpatizante do telefone, seja qual for a sua variação; e que só agora, comecei a estreitar os laços com o msn.
Leiam a crônica, acho que o Sant'Ana deve ser meio parecido comigo, pois é exatamente o que eu gostaria de ter escrito e por isso, dedico à vocês.

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

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